
Pronto! já me ajeitei na poltrona feliz. Um livro que começa com essa frase já me promete um tempo de felicidade.
Sabe quando a gente encontra uma nota de dinheiro em um bolso de casaco e fica muito feliz? Esse livro foi assim. Estava na estante juntamente com uns 5 do mesmo autor. Dele, tinha lidoAs Vinhas da Ira e o Diario de viagem. Não me entusiasmei. Ah! mas já vou começar Doce quinta feira!
Sou uma dependente de livros. Quando criança ou jovem lia de tudo. De M.Deli a Dostoievsky sem critério. Agora ando exigentíssima.
Em primeiro lugar quanto à temática. Se o livro é violento, mau e escatológico , out! Não quero saber. Aos 18 anos eu tinha tudo a aprender. Hoje, aos 57, também tenho mas essa parte eu já aprendi.
Em segundo, o estilo.
Não sei qual o pior, se o estilo best-seller, sim, pois se o livro vende muito pode estar certo que é ruim. É bom pra indústria, pra editora e pro autor mas não é bom pra formação de leitores nem pro mundo. Simplesmente porque é impossível atingir tanto auma jovem carioca,quanto a um seringueiro no Amazonas quanto a um monge do Tibet. É impossível. Como é impossível um best-seller, em geral, atinge toda a classe média , a burguesia do mundo. Logo, é ruim. Como dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade é burra. Um desses best sellers que tentei ler pois segundo uma pessoa a autora era maravilhosa começava assim: a marcha indolente do velho chevrolet.. AAAA! Morte a todas marchas indolentes!!! Sucata aos velhso chevrolets!!!
Pode ser que um best seller seja um bom entretenimento, mas só isso. Assim, entre eles, recomendo o best seller Irwing Wallace, por exemplo. Ele pega um tema controverso e envolve numa trama no melhor estilo americano. E você se distraiu durante uns meses.
Esse tipo de best-seller é melhor do que o pretenso literário. Pois ele não te engana. Você compra o que ele promete, aventura e romance!
Ah.. mas há certas coisas que não são imitáveis. E o gênio é uma dessas coisas. Ele é pra você usufruir mas não para você se inspirar nele. Na nossa música temos, por exemplo, Jorge Benjor. Um gênio. Só ele pode fazer o que ele faz. Só Jorge Benjor pode falar em uma canção
"Essa gravata é o relatório
De harmonia de coisas belas
É um jardim suspenso
Dependurado no pescoço
De um homem simpático e feliz
Feliz, feliz porque... com aquela gravata"
Qualquer outro que o imite ou seja inspirado por ele é pseudo. Guimarães Rosa na literatura é assim: o gênio. Aí um mundo de gente vê isso e quer ser igual!! Ó céus! e engana outro mundo de gente e aí, meu amigo, não tem mais jeito.
Há um autor estrangeiro incensado, lá fui eu lê-lo. Tava na cara que ele tinha lido o nosso Guimarães e queria ser igual. Aí ficava enganando os trouxas e deve ser infeliz, pois certamente sabe que não chega aos pés do mestre e nunca chegará. Temos muitos assim na nossa literatura. Fazem mal à humanidade. Principalmente nos dias atuais quando editoração é um business. Não se trata mais de literatura e sim de negócios. Os próprios editores ficam confusos quanto à literatura.
Assim, quando eu peguei esse livro foi uma bênção!
É meu gênero de livro, quando não há um único personagem cuja saga somos convidados a seguir e sim tudo é personagem. Da casa, ao cachorro, do homem à mulher à criança à doença e à alegria.
Uma rua. Seus habitantes.
O editor o critica, diz que o Steinbeck idealiza e ele está errado.
Daria um grande filme! mas, pelo que li, o filme que foi feito foi horrível e faria o autor se revirar no túmulo.
O autor desnuda a América, claro. Ele não se engana. E nos oferece o verdadeiro americano do dia a dia de maneira magistral.
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Recentemente assisti a Rubens Figueredo em uma entrevista com a filha do Rubem Fonseca, Beatriz Fonseca. Ah! comprei todos os livros dele depois disso. Aguardo chegarem.
Ele pensa como eu! Disse literalmente: livros que vendem muito não podem ser críticos, pois pertencem ao sistema. Não são bons para desenvolver o hábito da leitura, para a leitura.
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