sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Resenhas de filmes, de filmes baseados em livros e livros baseados em filmes

CAPTURING MARYAh! como é bom se deparar na TV com uma obra de arte inesperada! Ligar a TV e estar começando um grande filme!Assisti segurando a alma!
Maggie Smith não é só a bruxa mor de Harry Potter, é um genio em forma feminina. Ah!! essas mulheres inglesas! 

A mansão inglesa lá está, vazia. Quem toma conta é um rapaz indiano. Aquela senhora bate à porta e, sabe-se lá porquê, o rapaz que tinha ordens de não permitir ninguém entrar, permite. E ela entra e vê a casa. E revê seu passado naquela casa, um passado pós guerra que passa pelos Beatles até hoje. Ela, que tinha sido uma jornalista promissora, teve, naquela casa , o encontro com um homem, um encontro que modificou sua vida, a ponto de tornar-se alcoolatra e com empregos menores, apesar de razoáveis. Esse homem travou uma conversa com ela na adega, uma conversa onde revelou as maiores pervesidades humanas dando nome aos bois. E , ao contar tais maldades verdadeiras a ela, passou a ser dono dela. 
Ah! que filme! Sonia Santana, fique de olho se tiver algo da HBO, pois vai se encantar! Como é bom saber que o ser humano é capaz de obras tão grandiosas e feitas pra TV!

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O Exótico Hotel Marigot

É drama, é comédia, é comedia romantica e é obrigatório!! Só artistas de primeira grandeza!!! IMPERDÍVEL! a gente assiste com um sorriso constante de gratidão por terem feito um filme tão maravilhoso. Sim, praticamente só velhos, velhos , cada um com sua tristeza, sua dureza, seu drama, e se encontram em um hotel para velhos na India. Lição de vida, certamente, nada de misticismo! claro que nos pouparam da tragédia que a índia é e do falso glamour. SOW de interpretação! e respeito ao expectador! um presente de verdade.
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MY OWN LOVE SONG
O que dizer sobre essa maravilha?
Que deveria haver um Oscar especial para a atuação dos dois protagonistas todo ano? que devia haver um Oscar anual para o diretor de fotografia?
Que, de brinde, a filha caçula do seriado The Nanny mais uma vez demonstra que as mulheres jovens estão sendo as grandes atrizes do nosso tempo?
Que é uma história de amor, compaixão, aceitação do outro?
A sinopse? "uma ex roqueira, agora cadeirante, tem um amigo meio pirado que fala com anjos. Juntos vão para N.Orleans com dois objetivos: assistir a uma palestra de um autor pilantra sobre anjos e aceitar o convite do filho da cantora que foi dado para adoção após o acidente que a deixou paraplégica" ok, não é convidativo.. mas oh! as músicas são de Chopin e Bob Dylan!! as imagens.. ah.. as imagens! o amor que permeia cada cena.. é um desses de ser obrigatório em currículo . É uma daquelas obras que nos fazem acreditar na possibilidade de uma humanidade fraterna e bela!
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Odette Toulemond
Meu caso com esse autor começou há 15 anos. Uma amiga tinha entradas pois ela havia cedido molduras para o cenário da peça. Era uma sexta feira, em plena época de obras na zona sul do Rio, coisas do Conde ou do César, já não me lembro.Era impossível andar um quarteirão de carro em menos de 15 minutos. O teatro era em Ipanema e lá fomos nós assistir a peça Freud e o Visitante.
Estatelei! 
Eu tinha de ler aquilo! Era uma maravilha! Minha amiga conseguiu o contato com a produtora, e lá fui eu até a Barra pegar a cópia do texto de Eric-Emmanuel Schimmit. 
Na epoca eu frequentava o BBS e só falava nisso, quer dizer escrevia. Freud recebia uma visita que parecia ser o próprio Deus.. 
Tempos passaram e ouvi o saudosérrimo Paulo Autran falando que estava encenando uma peça do mesmo autor. Fiquei ouriçadíssima, mas já morava em Cabo Frio. Então comprei na Amazon um livro com 4 peças de Eric Emmanuel , descobri que o cara era francês. Das quatro, uma era Freud e outra a encenada por Paulo Autran, ge-ni-al! 
Bem, aí vejo o filme encenado por Omar Shariff, Ibrahim. Adorei. Então, graças a internet, consegui assistir a Odette Toulemon. Que delícia de filme! Um filme feminino e a minha cara. Odette, como eu, desarvora a ler e escreve ao seu ator predileto. Sou assim. Entro em contato com os artistas. Tenho a impressão de que cada livro é uma carta e é até falta de educação não responder. Adoro receber cartas de leitores, então, faço o mesmo, seja livro ou filme ou música. Tem dado certo. 
Odette, como eu, enfeita a vida com cacarecos, papéis de carta estampados, bonecas com trajes típicos e outros brilhos mais. Também tenta ter o tal joi de vivre ou aquela outra palavra que esqueci. .. como é? Aprendi esse ano e já esqueci. s......... , bem, aí dança no meio da cozinha, bem papagaiada. Sou assim. Então gostei do espelho. 
A partir daí comprei todos os livros do autor . Adoro quase todos
Então, se não conhecem, vale a pena!

A ElEGÂNCIA DO OURIÇO
Este é meu último livro favorito. E vou contar o final no final, pois é exatamente o final que justifica o fato de eu nao ter dado 5 estrelas. Lembrou o personagem da Escolinha do Professor Raimundo que na hora de tirar um dez..
Também não gosto desse nome "Spoiler" que se usa pra avisar que se conta o fim de um filme ou livro, ou o mistério. Mas respeito o direito de escolha de quem porventura ler isso aqui. 

Eu já tinha lido o primeiro livro da autora, engenhoso, legal.. Mas não calou fundo na alma. No entanto este.. Comecei a ler e tive aquele dejavu.. pode ser em francês pois o livro se passa em Paris. Eu vi o filme do livro! e também o filme não me deu aquele jenesequá. (estou cheia de francesismos! galicismos, tá bom.) 

Imaginem o cenario: um prédio de gente rica em Paris. Tudo "bianê"(:-) ) O livro é escrito por duas personagens: a porteira intelectual de esquerda e a menina de 12 anos geninho que estuda japonês. A Porteira só tem uma amiga, a portuguesa faxineira Manuela. A menina, nenhum, e vê que a vida não tem sentido então programa se matar e incendiar o prédio.
As reflexões de ambas são permeadas de referências filosóficas, vale muuuito a pena ler! como o crítico de gastronomia ( do primeiro livro da autora) morre, um japonês riquíssimo compra o apartamento ficando amigo das duas.
( o tal do spoiler)
E aí, idiotamente a porteira morre no final.
Não faz sentido! fiquei com raiva. Lembrou-me os desenhos animados que meu filho fazia quando criança que explodia tudo no fim. Matar a personagem, ao meu ver, me parece fraqueza do texto, como filme nacional, quando dá a impressão que a verba acaba junto com o filme. Ora, não se sabe resolver, então mata-se a protagonista. FIM.

Iniciar um livro pode ser complicado, mas terminá-lo é mais ainda. Um bom livro deve ter uma conclusão, mas.. raro é autor que sabe fazê-lo. Eu mesma verifico que uso algumas artimanhas.. infelizmente. Gostaria de fazer melhor, mas matar a protagonista, nunca! O livro não precisa ser como a vida. Um livro é exatamente o oposto de uma existência, é a parte que vale a pena dela.
Mesmo assim, esse passou a ser um de meus favoritos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Para Tamiires


Uma jovem me procurou  no Orkut pois iria fazer um trabalho sobre meu livro Vestibilhar de Medicinuca. Fiquei feliz e orgulhosa pois a professora deixou a escolha livre,  e, entre tantos títulos, ela escolheu exatamente um livro meu.

Este livro se passa no ano de 1972, ano do meu vestibular. Para escrevê-lo, passei seis meses na biblioteca nacional pesquisando. Li todos os Jornais do Brasil do ano de 72. Todos. Lia e anotava.

Rola uma tendência de nós ao envelhecermos entrarmos na síndrome do “no meu tempo” como se tivéssemos vivido um tempo melhor.  E não é nada disso. Claro que o sorvete Kibon da minha infância era muito melhor do que se tornou nos anos 90. No entanto, hoje, está muito melhor,pelo menos o de chocolate. Logo agora que não posso mais comer chocolate! Mas, mesmo sendo um sorvete gostoso, vamos combinar que não primava pela higiene. Até grampo eu  vi dentro do sorvete Kibon na ida década de 60. Mas perdemos a jujuba, o delicado, o Ki-bamba e o Ki-coisa. Seus similares são esponjosos e perfumados,ruins mesmo. O bombom alpino, então, nem se fala. Costumava ser a melhor coisa do mundo quando falhava na higiene, já que a embalagem deixava o chocolate exposto. Hoje tem gosto de fumaça. Isso só é compensado pela maravilhado “dark and soft” e uma variedade daquelas que...

Pera lá! não era esse o tema! sempre viajo. Voltemos ao Vestibilhar de Medicinuca. Tamiires, a jovem que quer saber, me pergunta qual a minha motivação ao escrever o livro. Devolvi a pergunta: o que você acha?
Dois foram os meus nortes. Um deles foi escrever um livro com um subtítulo virtual; Vestibilhar de Medicinuca ou Nós que não fomos presos. Pois tudo o que trata dessa época tem como protagonistas pessoas envolvidas em política, deixando a impressão de que todo mundo era engajado e não era assim, muito pelo contrário. Afinal, sei fosse assim, não tinha durado tanto. E o engraçado é que o filme 1972 também marcou esse ano como algo especial, gostei da coincidência.
O segundo norte foi mostrar as diferenças. Principalmente no que tange o ingresso  à faculdade. Quem lê o livro deve notar que em nenhum momento se fala a expressão “ ingressar no mercado de trabalho”, frase hoje sine-qua-non até pra se fazer pulseira de miçanga. A gente ia para a universidade com dois propósitos: namorar, que ninguém é de ferro e se realizar como pessoa mudando o mundo. A gente queria mudar o mundo, não era como hoje que ninguém mais quer mudar nada, só se quer upgrade. Ainda se discutia se a mulher devia ou não trabalhar fora. Ainda se discutia se a moça devia ou não casar virgem. Ainda não se falava palavrão na frente de mulheres, nós estávamos começando a aprender a falar merda em voz alta. Éramos pioneiros. 5 anos depois tudo tinha mudado! até o uso de droga era diferente. Poucos  iriam atrás de uma droga estimulante como cocaína, droga típica da pressa, do ganhar dinheiro, do estresse, a droga predileta dos setores de entretenimento , política e bolsa de valor. Ninguém sequer pensaria em usar extasi, a não ser por experiência sexual. As drogas eram lisérgicas, visuais e calmantes. Tinham o objetivo do prazer, do conhecimento. Não era para ganhar dinheiro . Claro que para se passar no vestibular e virar a noite se usava droga, drogas legais , no sentido de legalizadas. Mas não a minha turma, a turma das ciências humanas. Afinal, nos anos 70, o cara mais atraente fazia história e não engenharia.  Eram valores diferentes.

  Então, Tamiires, esta foi a minha intenção, e eu espero ter passado isso. Espero ter despertado a curiosidade ao lembrar que houve um tempo sem computador, sem telefone celular, sem joguinhos eletrônicos. Um tempo quando ser culto era moda. Quando não se estava interessado em ganhar dinheiro ou ser celebridade. Onde Big Brother não vingaria já que não se estava interessado em ser celebridade. Um apartamento legal não tinha sofá ou televisão das Casas Bahia. Televisão era coisa de careta. Almofadas, estantes repletas de samambaias e livros feitas de caixas d´água ou caixotes de maçã ou tábuas e tijolos. A palavra customizar não existia mas nossas roupas o eram.

 No mais, pergunte!
(José Olympio Editora. Texto e ilustrações meus)

sábado, 6 de outubro de 2012

Filmes bons

Esse mundo tecnológico é uma maravilha. Antigamente, quem quisesse ver um filme tinha de ir até o  cinema.  Então, cinema era coisa de cidade e de cidade grande. Aí veio a TV. Lembro quando ela chegou na minha casa, eu tinha 3 anos. Precisava esquentar primeiro e os filmes em preto e branco eram legendados . Não dava para ler sempre, às vezes coincidia  a letra branca no fundo branco.  Os melhores aniversários infantis tinham "cineminha" Ah! como eu adorava!  Aí TV em cores e o video cassette! A essa altura eu já tinha filhos. Comprei vários títulos para rever, rever, gravei montes da TV e.. sim, DVD!

Hoje, morando no meio do nada, posso assistir filmes pelo computador e pela tv de assinatura. E foi isso que fiz. Liguei a tv pela manhã enquanto pedalava na ergométrica e assisti ao filme Rockstar. Um jovem roqueiro substitui o vocalista de uma banda, passa por drogas/sexo/rockandroll , claro, e ao final do filme decide que essa vida não era para ele, prefere fazer seu próprio som , simples e sem pressão.

Pela tv , hoje, assisti ao filme Se enlouquecer não se apaixone. Eu tinha visto a chamada , mas não me impressionei. Evidentemente um filme pra jovens, e eu, apesar de escrever para jovens não curto filmes para jovens. Gosto de filmes que jovens também gostam, é diferente. Mas não assisti ou li Crepúsculo e vampiros, pra mim, só mesmo A dança dos Vampiros. Vampiros não  me interessam. E filmes em manicomios..ora, depois de Um estranho no ninho e A garota Interrompida, chega, né?
Mas assisti e como assisti! com todo interesse e, ao final, lágrima nos olhos.  Um jovem se sente deprimido, um jovem que teoricamente tem tudo pra ser feliz, e se interna e fica uma semana no manicômio. E se sente mais forte após disso.

Pelo site do Netflix assisti ao filme Paris. Um rapaz está com um problema cardíaco muito sério e sua irmã se muda para seu apartamento com os 3 filhos para cuidar dele. E assim passeamos por Paris, por todos os lados de Paris, por dentro e por fora.

Sim, recomendo, mas me fizeram pensar. Os filmes americanos estão cada vez mais críticos às pressões do sistema, mas as soluções são sempre individuais. Se largam os modelos de "winner" de sucesso, nunca tentam uma solução coletiva. A impressão que  me dá é que o filme é só catarse, nunca crítica. Pois o problema para o roteirista está sempre no protagonista que não sabe viver a vida bem.

Já o filme Paris , apesar de também mostrar que a gente tem muito o que apreciar quando se está vivo, não oferece visões mais otimistas do mundo, apenas usar os sentidos.

São ótimos filmes e os recomendo, mas, que tal nos darmos as mãos para mudar as coisas e culpar os verdadeiros culpados?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O mundo a ser revisitado que Monteiro Lobato criou


Somos tão traumatizados pela censura dos anos passados, quando a ignorância e o autoritarismo mandava prender Moliere, que a qualquer semelhança com  restrição já saímos bradando pela tal  “liberdade de expressão”. Com isso, acabamos aceitando outros arbitrarismos  e terríveis perseguições. Uma pena. Mas é assim que se vive, ou, que, pelo menos, ao que parece, concordamos em viver no momento.

Recentemente, por maquiavelismo, ignorância, pressa ou incompetência, uma manchete  induziu as pessoas a pensarem que o livro “Caçadas de Pedrinho” de Monteiro Lobato, pai de todos nós escritores para crianças, estaria sendo censurado. Não estranhei pois já falo sobre isso há mais de 20 anos em palestras e conferências.  Também não  entrarei no mérito da verdade pois já foi muito bem  contada aqui(http://www.brasilianasorg.com.br/blog/luisnassif/a-falsa-polemica-do-cne-e-monteiro-lobato). Ih! Abaixo-assinados, gritos e brigas  entraram em cena na internet (não sei se no asfalto também, ando longe da vida urbana) Imagino que essas pessoas, também por pressa (afinal, quem lê tanta notícia? Já dizia Caetano) ignorância, princípio de defesa de toda e qualquer liberdade,  ou sentimento de classe, cada uma por um motivo  embarcaram na dúbia manchete.

Mas, o que realmente me apavorou foi o fato , se  verdadeiro, do Ministro da Educação afirmar que” não vê racismo no livro” . Dá medo. O livro caçadas de Pedrinho termina com a seguinte frase: “ Tenha paciência- dizia a boa criatura. Agora chegou minha vez. Negro também é gente, Sinhá..” Acho que ela não se referia apenas ao privilégio de andar em cima do lombo do pacato gramático rinoceronte Quindim.  Seria subestimar  Lobato  considerando-o  ingênuo ou alienado, não concordam?

Sim, a “boa criatura” é a Tia Nastácia. Ao longo do livro o narrador usa as seguintes expressões ao falar sobre ela: negra, a boa negra, a preta, a pobre negra. Pobre negra é a sua predileta.  A personagem Emília,  neste livro, diz que" as onças vão comer até Tia Nastácia que tem carne preta."  E  ela não é corrigida, coisa que ocorre quase  sempre que abre sua torneirinha de asneira. Mas isso é fala de boneca de pano. Já o próprio narrador descreve a situação da chegada das onças assim:.” Tia Natácia, esquecida de seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão, pelo mastro de São Pedro......”

Reumatismos sim, afinal, Tia Nastácia tem 70 anos e ainda é a empregada do sítio. Alguém estranharia o fato da professora esclarecer aos alunos que foi  na década de 70 que  empregados domésticos começaram a ter direitos trabalhistas?
Ora,  ao longo dos livros infantis  do autor a perícia culinária da Tia Nastácia é cantada em prosa e verso! Seus bolinhos alimentaram São Jorge na lua, seu cafezinho, segundo ela mesma, “tem visgo”, quem prova não quer mais sair do sítio, e outras tantas guloseimas. No entanto, o livro de culinária mais famoso há décadas ( do qual sou a mais feliz  recente ganhadora) se chama “  Dona Benta”, logo da “velha” que, ao que se saiba, nunca entrou na cozinha para amornar uma água. Vá entender.
Sinto a necessidade de esclarecer esses pontos pois tenho certeza de que Monteiro Lobato  seja muito mais incensado do que lido. Dezenas de pessoas  entre seus 30 e 40 anos que enaltecem o autor, duvide-o-dó que tenham lido a obra.  Talvez um único livro, certamente viram a adaptação televisiva. Mas ler tudinho como fiz e tantos da minha geração? Raro. Tanto é que, ao serem perguntados sobre quais outros livros que adoravam na infância ficam ah.. é... ah.. é... Quem leu Monteiro Lobato  e gostou certamente leu e vibrou com outros livros, pois, se assim não fosse, sua missão teria sido um fracasso.
Ah! E não  apenas expressões racistas a respeito de negros, caro Ministro, Emília é tratada pelo autor como uma pessoa prática pois  “ciganinha como era costumava tirar partido de tudo”, isto é, ganhar vantagens, presentes, dinheiro. O grifo  é meu.

Jovem,quando eu era pequena, não estranhava o tratamento dado à Tia Nastácia, sabe porquê? Na minha casa a cozinheira também era uma senhora negra que vivia na cozinha e pitava cachimbo e falava errado e eu, como Narizinho, ajudava a catar feijão.(No livro, tia Nastácia fala felomeno , em vez de fenômeno, e outras  diferenças)  Caso quisesse ver TV junto com a família, ficava à porta da sala sentada em um banquinho sem encosto. Na minha casa e na maioria das casas. Tirava folga dois domingos ao mês, recebia a metade do salário mínimo e não tinha férias.  Jovem, a canção de carnaval era “ o seu cabelo não nega mulata porque és mulata na cor, mas como a cor não pega , mulata, mulata quero o seu amor” e o samba” ai meu deus que bom seria que voltasse a escravidão eu pegava a essa mulata e prendia no meu coração  e depois a pretoria que resolvia a questão” .É isso  o que queremos na nossa sociedade?É este o mundo em que vivemos hoje? Faz sentido? Mesmo sendo divertidos, românticos sambas? É isso o que nós queremos tocando nas rádios, sendo cantados nas nossas escolas?  Você sabia que um diretor de um colégio em 1971 proibiu de uma negra ir de cabelo solto ao colégio porque atrapalhava a visão dos alunos? Agora já sabe, jovem. Se chegou até aqui não tem mais desculpa.

Então, ninguém acharia nada demais que o Conselho de Educação recomendasse a contextualização histórica   de Geografia de Dona Benta explicando que o estado de Mato Grosso não é mais aquele ou que a população do mundo mudou e até aproveitasse para  mostrar os movimentos sócio-políticos do mundo. No entanto, gritam se falam em recomendar a contextualização histórica no que tange o racismo. Assustador. Ao que parece, a conselheira , apesar de ter comido mosca na primeira distribuição,  está ciente do que pode acontecer em uma sala de aula se um aluno começar a ofender o outro de “negra beiçuda”, como Emília constantemente o faz ao longo dos livros, ou “macaca de carvão”. É crime e a professora vai ter de assumir as conseqüências.

A prova de que  a conselheira está certa  é ver como tantos leram a notícia por alto ou sem refletir , ou mesmo concordam com a discriminação. É dinheiro do contribuinte gasto em compras de livros.  E livro é para ser lido e não pra ficar enfeitando estante . Em geral,quano se fala em adoção de livros,  a leitura daquele livro  é obrigatória e cobrada em provas e testes.. Quem é que está verdadeiramente bem preparado para separar uma briga entre dois alunos porque um chamou o outro de " macaco de carvão"? (vá explicar que foi elogioso, pois mostra como é ágil)  Bem, o assunto não terminou,nem suas derivações, mas o tempo para ler , imagino, já. Então, como diz o Rei Roberto:
" quantas vezes eu tentei falar que no mundo não há mais lugar para quem toma decisões na vida sem pensar” 
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domingo, 9 de setembro de 2012

Livro bom

"Cannery Row é um poema, um mau cheiro, um rangido, um tipo de luz, uma cor, um hábito, uma nostalgia, um sonho."

Pronto! já me ajeitei na poltrona feliz. Um livro que começa com essa frase já me promete um tempo de felicidade. 
Sabe quando a gente encontra uma nota de dinheiro em um bolso de casaco e fica muito feliz? Esse livro foi assim. Estava na estante juntamente com uns 5 do mesmo autor. Dele, tinha lidoAs Vinhas da Ira e o Diario de viagem. Não me entusiasmei. Ah! mas já vou começar Doce quinta feira!

Sou uma dependente de livros. Quando criança ou jovem lia de tudo. De M.Deli a Dostoievsky sem critério. Agora ando exigentíssima. 

Em primeiro lugar quanto à temática. Se o livro é violento, mau e escatológico , out! Não quero saber. Aos 18 anos eu tinha tudo a aprender. Hoje, aos 57, também tenho mas essa parte eu já aprendi. 
Em segundo, o estilo.
Não sei qual o pior, se o estilo best-seller, sim, pois se o livro vende muito pode estar certo que é ruim. É bom pra indústria, pra editora e pro autor mas não é bom pra formação de leitores nem pro mundo. Simplesmente porque é impossível atingir tanto auma jovem carioca,quanto a um seringueiro no Amazonas quanto a um monge do Tibet. É impossível. Como é impossível um best-seller, em geral, atinge toda a classe média , a burguesia do mundo. Logo, é ruim. Como dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade é burra. Um desses best sellers que tentei ler pois segundo uma pessoa a autora era maravilhosa começava assim: a marcha indolente do velho chevrolet.. AAAA! Morte a todas marchas indolentes!!! Sucata aos velhso chevrolets!!! 
Pode ser que um best seller seja um bom entretenimento, mas só isso. Assim, entre eles, recomendo o best seller Irwing Wallace, por exemplo. Ele pega um tema controverso e envolve numa trama no melhor estilo americano. E você se distraiu durante uns meses. 
Esse tipo de best-seller é melhor do que o pretenso literário. Pois ele não te engana. Você compra o que ele promete, aventura e romance! 

Ah.. mas há certas coisas que não são imitáveis. E o gênio é uma dessas coisas. Ele é pra você usufruir mas não para você se inspirar nele. Na nossa música temos, por exemplo, Jorge Benjor. Um gênio. Só ele pode fazer o que ele faz. Só Jorge Benjor pode falar em uma canção
"Essa gravata é o relatório
De harmonia de coisas belas
É um jardim suspenso
Dependurado no pescoço
De um homem simpático e feliz
Feliz, feliz porque... com aquela gravata"

Qualquer outro que o imite ou seja inspirado por ele é pseudo. Guimarães Rosa na literatura é assim: o gênio. Aí um mundo de gente vê isso e quer ser igual!! Ó céus! e engana outro mundo de gente e aí, meu amigo, não tem mais jeito. 

Há um autor estrangeiro incensado, lá fui eu lê-lo. Tava na cara que ele tinha lido o nosso Guimarães e queria ser igual. Aí ficava enganando os trouxas e deve ser infeliz, pois certamente sabe que não chega aos pés do mestre e nunca chegará. Temos muitos assim na nossa literatura. Fazem mal à humanidade. Principalmente nos dias atuais quando editoração é um business. Não se trata mais de literatura e sim de negócios. Os próprios editores ficam confusos quanto à literatura.

Assim, quando eu peguei esse livro foi uma bênção! 
É meu gênero de livro, quando não há um único personagem cuja saga somos convidados a seguir e sim tudo é personagem. Da casa, ao cachorro, do homem à mulher à criança à doença e à alegria. 
Uma rua. Seus habitantes. 
O editor o critica, diz que o Steinbeck idealiza e ele está errado. 
Daria um grande filme! mas, pelo que li, o filme que foi feito foi horrível e faria o autor se revirar no túmulo. 

O autor desnuda a América, claro. Ele não se engana. E nos oferece o verdadeiro americano do dia a dia de maneira magistral.
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Recentemente assisti a Rubens Figueredo em uma entrevista com a filha do Rubem Fonseca, Beatriz Fonseca. Ah! comprei todos os livros dele depois disso. Aguardo chegarem. 
Ele pensa como eu! Disse literalmente: livros que vendem muito não podem ser críticos, pois pertencem ao sistema. Não são bons para desenvolver o hábito da leitura, para a leitura.


sábado, 1 de setembro de 2012

Apesar de você- um tico de Chico

 

Vocês, crianças, têm idéia do que significou pra todo mundo a proibição da canção do Chico Buarque "Apesar de Você"? Bem, antes de mais nada é preciso lembrar que Chico Buarque, antes de ser escritor jabutizado , era compositor (re re) e , ainda, que, quando falo todo mundo , falo de um Brasil com a metade da população de hoje, e com os mesmos 5% recebendo o equivalente a mais de 2 mil reais por mês. Sendo que com uma diferença: menos do que isso tinha TV. Então, por todo mundo entenda-se um pequeno grupo de brasileiros que tinha TV. 

A juventude tinha sido inventada há uma década, sim, porque os jovens foram inventados nos anos 50. Antes disso, existiam crianças de calças curtas ou adultos de calças compridas. Foi em 1954 que o rock nasceu, e junto com ele , a juventude. Em 55 os jovens se afirmam com a existência de Elvis e James Dean. Aí, música e roupas para jovens são criadas. A indústria percebe que filão maravilhoso era a juventude com seus milk-shakes, cuba-libres, casacos de couros, blusões de universidade americanas, rabo de cavalos.. 

Pera lá, eu tava falando do Chico Buarque! Pois bem, dez anos depois , Roberto Carlos lança Quero que vá tudo pro inferno!  canção que o Rei hoje renega e que foi um furor. Ora, ano seguinte à "redentora", num tempo em que ninguém falava palavrão, ( o primeiro palavrão dito na TV,que a tirou do ar, pois era TV ao vivo, foi dito pela atriz que até recentemente interpretava o papel cômico de Dona Catifunda) cantar aos berros que tudo mais vá pro inferno era ou não era pra virar hino? 

Bem, mas aí, surge um outro jovem: Chico Buarque de Holanda. Ele vem, tímido, fumando feito um louco (como se fumava! ) de terno, e canta a genial Banda, ensinando que uma canção podia começar com essa frase fantástica estava à tôa na vida  e Chico com seus olhos verdes virou, segundo Nelson Rodrigues, o genro que os pais queriam; o namorado que a moça queria; o amigo que os rapazes queriam. O gênio de Nelson Rodrigues que havia cunhado a frase "tôda unanimidade é burra"se rende pra dizer que Chico Buarque era a única exceção à esta regra. E Millor afirma que Chico era a única unanimidade nacional.

Chico foi logo etiquetado como o novo Noel . Ainda sem se entender, foi garoto propaganda, junto com Wilson Simonal, do MUG, um boneco extremamente feio mas.. atire a primeira pedra quem tem mais de 40 e não teve um mug! Mas logo se recuperou. E Chico foi participar do programa coqueluche da população ( que tal esse coqueluche? ;-)))Essa Noite se Improvisa, comandado por Blota Júnior. Chico era o predileto! Sabia todas as palavras, era imbatível! Carlos Imperial penava, mas Chico..( lembro especialmente de um dia em que a palavra era  gajo e Chico aciona a campanhia e começa a cantar Tourada de Madrid inteirinha, e uma estrofe perfeita com a palavar gajo. Pronto, ganhou os pontos! Tudo inventado por ele! ) Chico inventava as canções na hora.. como lidar com um gênio?

Como ? Quem também participava da farra era a famosérrima cantora de Carcará, Maria Bethania, com seus cabelos presos, saia curtérrima e nariz fenomenal. E ela leva seu desconhecido irmão Caetano pra participar. Pronto! Chico ganhou um rival à sua altura!

E Caetano não ficou só no Essa Noite se Improvisa. Quando a gente viu, ele e Gil falavam de coisas como Tropicalismo, onde ritmos brasileiros se misturavam a guitarras elétricas num visual psicodélico, e, engraçado, é que no ano anterior, Elis, Gil, Edu Lobo tinham se metido numa passeata contra a guitarra elétrica! O que me faz não resistir a um lugar comum com ar de sábia: nada como um dia após o outro...

Começavam a achar que Chico tinha perdido o pé da história. Ele foi vaiado ao receber o prêmio no FIC por Sabiá, mas tinha sido o criador da nada bem comportada Roda Viva. Bem, mas eu comecei a falar do Apesar de Você. Após 100 mil cópias do compacto simples vendidas ( qual era o lado B? *) alguém se deu conta que Apesar de você não se tratava de uma briga de namorados, e sim de uma canção com um subtítulo que poderia ser Carta ao Presidente. 
Cheguei ao colégio, Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral, e, na porta, um garoto do grêmio dizia que tinha compactos da canção para vender.. E o medo de ser pego? Olhei para os lados com receio de alguém ter ouvido a conversa, entrei com o coração aos pulos no portão de ferro, garagem do prédio Angel Ramires. 

Mas Chico foi além, a ponto de Jaguar dizer que , como ninguém podia fazer nada contra a ditadura, só nos restava colocar um disco do Chico na vitrola e ficar repetindo: -Dá-lhe, Chico! 

E ,já que se ele espirrava censuravam, foi embora, e voltou, e cada vez melhor. 

Chico devia ser matéria obrigatória nos colégios, suas letras são .. qual o melhor adjetivo? Surpreendentes? Geniais? Fantásticas? E são tão indubitavelmente maravilhosas, que minha última aula, minha despedida, de Desenho Artístico na FAU, foi sobre Chico Buarque, que desistiu da profissão de arquiteto (assim como Jobim, Herbert Vianna , Billy Blanco entre outros) para mostrar aos alunos o que era arte numa linguagem talvez mais fácil para eles. 

Criança, você já prestou atenção na letra de Corrente? Já leu duas vezes a letra, sendo que a segunda vez sem ler o primeiro verso? 
Criança, você já prestou atenção na letra de A Rosa? A frase em que ele diz Egípcia, me encontra e me vira a cara Como é que alguém pode lembrar uma maravilha dessas ? Lembrar da arte egípcia, da lei da frontalidade,  pra falar de uma mulher! E o chamar de Roberto? É entusiasmante!
E a letra de Flor da idade? Além de terminar com o poema Quadrilha de Drummond, o genial Chico arruma rimas únicas, tirando letra erre das palavras: rima dama e dRama;copo e coRpofesta e fResta e tudo com propriedade! 

Ah, Chico, apesar de você ter parado de compor no mesmo ritmo, a gente continua se maravilhando! 
* Lado B.. os discos tinham Lado A e Lado B.  Colocava-se o disco na vitrola e,ao terminar, havia que se tirar e colocar o verso,  o outro lado. Em geral, os compactos , discos com uma ou duas canções em cada lado, tinham no lado A a canção mais importante. Alguns casos deram errado.. Gil, por exemplo, em seu compacto que lançou Eu só quero um Xodó, trazia essa canção  Dominguinhos no lado B.. e..qual era o lado A mesmo?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

As mulheres da minha vida

Talvez tudo tenha começado por ela:Laura Ingalls Wilder.
Ganhei o primeiro livro aos 9 anos. Apaixonei! decorei trechos, costurei uma boneca de pano e chamei de Carlota, fiz casas de papel , 
bonecas de papel para brincar de Laura! Até hoje a releio, apaixonada, descobrindo detalhes, estilos, receitas. Sempre uma nova leitura.

Não, talvez ela não tenha sido a primeira mulher, certamente não. Certamente foi a brasileiríssima Magdalena Lea que aí estána foto  apaixonada! Poetiza, escrevia deliciosoversos rimados os quais eu decorava com gulodice e me exibia por aniversários infantis. É, eu tinha 3 anos mas ainda  hoje ao declamar a "História Triste" nas escolas  que adotam meus livros, Magdalena Lea  faz sucesso. Acho que muito da minha escrita vem dela.
Ou será dessa francesa nobre? Condessa de Segur com suas meninas exemplares, com os desastres de Sofia, certamente uma auto-crítica fantástica, e com o predileto Fortuna de Gaspar?
Não, a autora que mais me acompanhou antes de eu conhecer Laura Ingalls foi a brasileira senhora Leandro Dupré. Assim, maria José , usando o nome do marido francês, me deu Vera Lucia Pingo e Pipoca  e o excelente Mina de Ouro que certamente lerei em voz alta para meus futuros netos, do jeito que fiz com meus filhos, Ah! que aventura maravilhosa! Mas não gostei de seus livros adultos. Me faziam sofrer.
Ainda, apesar de ter lido um único livro seu, ou seu único livro? Helena Morley me encantou com Sua Vida de Menina. 




Bem, mas aí eu conheci Louisa May Alcoot e LauraIngalls começou a ter uma rival: As mulherzinhas! Eu me via como Jô, com sua mania por leitura e escrita e seu jeito pouco feminino de ser. Por outro lado, me via como Amy, implicando com seu nariz e sempre com seus lápis , pincéis e blocos de desenho. Achava que Meg era o retrato literário de minha irmã mais velha, vaidosa com seus cabelos e roupas. E hoje, seus livros e bonecas e casinha de papel dividem a estante com as coisas de Laura Ingalls.Mas nem só de romance vive uma menina! E viva a grandíssima Agatha Christie!
 
Com este olhar inteligente, Agatha  me encheu de aventuras, mistérios e bolinhos. Ah! que delícia são os chás de Agatha! E olhe  eu não gosto lá muito de chá! Mas ela faz a descrição com tal aroma e pertinência, que abandono o livro e preparo um tender leaf insosso.

E a gente cresce e lê de tudo. Lê coisas maravilhosas, inteligentíssimas, importantíssimas que nos faz sermos tido como pessoas de grande erudição. Mas, na hora de levar para a Ilha deserta, são outros os chamados. Por melhor que seja caviar, ninguém aguenta comê-lo diariamente. O lance é  o muito bem feito arroz com feijão.
E aí , vou encontrando outras mulheres maravilhosas e suas letras voadoras. A poesia de Dorothy Parker, A fantasia de Laura Escorel, e ah.. a rainha, a fantástica Isabel Allende!

Que mundo maravilhoso que nos dá essas mulheres incríveis!

Bem, mas eu também desenho. E como a maioria das mulheres cariocas da minha geração, fui fascinada por Gladys e seus bichinhos. Que mágica! Ao vivo, na TV preto e branca, com grandes papéis pendurados como em varal de roupa, Gladys ia contando uma história sobre um sapo Godofredo e o desenhava, bêbado, agarrado a uma margarida como se fosse um poste , ou sei lá mais o quê. Nada era politicamente correto, creio. Mas seus traços apareciam redondos sobre os papéis, rápidos, expressivos!

E os coel
hos de Beatrix Potter, fofos , surgiam nos dias de Páscoa em traços azuis  para serem coloridos por nós , meninas de colégio de freiras que desconhecíamos Beatrix Potter mas as freiras se encubiam de nos encher o imaginário com maravilhoso coelhos além dos santinhos com purpurina e nuvens cor de rosa.

E , então, aos 
12 anos, acho, fui ao MAM e conheci Tarsila do Amaral. Meu queixo caiu. Era isso o que eu queria na vida! aquelas formas, as cores, os contornos. Era assim que eu queria desenhar!

Hoje, aos 55 anos, são essas as amigas que me fazem companhia, que me aconselham e me maravilham.

Como é bom ter amigas  assim!